sábado, 29 de fevereiro de 2020

Paz e Amor

Vários nos questionam por que fazemos nosso o lema hippie 'paz e amor'. Alguém que acredita no Liberalismo Econômico com lema hippie? 

Perguntam os arautos da argúcia. 

A verdade é que os hippies no Brasil sempre cultivaram o trabalho*. Dedicam-se a artesanato de mérito e têm neste ofício seu ganha-pão. Parece-nos que eles buscavam, quando surgiram, estilo de vida simples, longe do consumismo desenfreado da sociedade industrial do American Way of Life dos anos 1950, 1960 em diante. Se sentiam presos a modelos de existência que exaltavam meros objetos e ansiavam por vida diferente. Daí a vida à margem, o coletivismo porém, no Brasil (até onde sabemos), passaram a se dedicar a singeleza dos ornamentos delicados. Excessos em seus comportamentos não invalidavam este ideal: trabalhavam e viviam com o essencial. 

Eis o ponto. O Capitalismo não é o consumo: é o Trabalho. 

E deste trabalho resulta o lucro que bem utilizado gera mais trabalho e mais lucro e mais trabalho e mais lucro sucessivamente. O consumo é resultado do trabalho. Neste processo, ocorre ilusão que engana a muitos: de que o objetivo maior da vida na sociedade de livre-mercado é o consumo quando em verdade é o trabalho. 

Trabalhamos para consumir quando deveríamos trabalhar por trabalhar: o prazer da ação contra a melancolia do ócio.

Buscamos no consumo o prazer íntimo quando o real prazer para a Alma está em trabalhar para os outros e para si. Trabalhar não para conquistar o ouro do mundo mas os tesouros do Espírito: a disciplina, a ordem, a obediência, a resignação, a beleza, a paciência, o conhecimento, a independência, para ajudar, incentivar e curar o próximo e tantos outros dobrões que não se guardam em contas bancárias mas nos cofres do coração.

Não seria este o objetivo de diversos benfeitores da Humanidade como Francisco de Assis, por exemplo, que trabalhou apenas para os outros e para o bem dos outros? Os franciscanos trabalhavam, cultivavam o obrar manual, socorriam os necessitados da sorte e viviam com simplicidade.

Não teriam os hippies brasileiros, com seus belos e singelos artesanatos e viver modesto, um átimo de Alma Franciscana?

Pelo menos no Brasil, os hippies, os que conhecemos, trabalham. Ao agir assim estão de acordo com o Capitalismo. Dirão aqueles que Nelson Rodrigues chamava de idiotas da objetividade: Capitalismo não é apenas trabalho porque também é Liberdade. 

Certíssimo.

E afirmamos sem medo de errar: só seremos livres da triste roda das encarnações neste orbe quando trabalharmos em Paz para a construção do Amor na Terra. Eis nossa alforria. 

A Verdadeira Liberdade.

Paz e Amor.


* Chico Xavier (1910 - 2002), num dos programas 'Pinga Fogo' da TV Tupi, no início dos anos 1970, quando perguntado sobre o movimento hippie que ocorria naqueles tempos, afirmou isto. Que os hippies brasileiros trabalhavam e por isto mereciam nosso respeito. Temos o DVD dos programas e esta opinião do inesquecível médium mineiro muito nos influenciou na formação desta opinião e na redação deste texto.  


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